O futuro do trabalho é um dos principais enigmas da atualidade e, por essa razão, é o tema do Centenário da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que ocorrerá em 2019. As tendências no mundo laboral para as próximas décadas já é assunto recorrente em seminários, encontros e reuniões que buscam entender o fenômeno do desemprego atrelado ao surgimento de novas tecnologias como a inteligência artificial, impressoras 3D, uso de drones e outras ferramentas disruptivas.
Profissões em declínio
Um estudo realizado pela Universidade de Oxford em 2013, The Future of Employment: How Susceptible are Jobs to Computerisation, apresentou uma lista de profissões que serão substituídas pelo uso de novas tecnologias apontando as suas respectivas probabilidades de extinção nas próximas décadas. Motoristas, cozinheiros, professores e advogados entraram na lista, dentre outros tradicionais ofícios que poderão ser substituídos pelo trabalho de computadores e de robôs.
O trabalho em diversos países
O “futuro” já chegou para os profissionais de telemarketing e, no Japão, a seguradora Fukoku Mutual Life substituiu 34 funcionários pelo sistema de computação cognitiva Watson da IBM. No Brasil, o sistema já foi adquirido por bancos para facilitar o atendimento a clientes. A nova ferramenta tecnológica tem a capacidade de responder perguntas complexas e de gerar diagnósticos com altíssimo grau de eficácia. Softwares de computação cognitiva como o Watson serão ferramentas indispensáveis para manter padrões de produtividade e de competitividade de empresas nas áreas de seguros, serviços financeiros, saúde e consultoria jurídica, dentre outras.
Enquanto não houver um detalhado diagnóstico sobre a dinâmica da substituição de mão de obra pelas novas tecnologias, os governos, blocos econômicos, trabalhadores e empregadores seguirão se debruçando sobre o tema criando medidas paliativas que não atacam a raiz do problema: Quais atividades serão exercidas por humanos nas próximas décadas e qual o tipo de formação educacional e profissional será adequado para responder aos desafios do Século XXI.
Somando a crescente industrialização da China com a emergência dos processos de substituição de mão de obra pelo uso de tecnologias de automação produtiva, temos como resultado um número cada vez menor de vagas de empregos nos países em desenvolvimento e a situação é ainda mais preocupante nos países pobres. Estima-se que dois terços dos empregos existentes hoje no mundo não precisariam mais existir em aproximadamente vinte anos.
Adaptações às mudanças
Para se adaptar a essa realidade, países como a Finlândia e a Holanda estão desenvolvendo políticas de Renda Básica Universal para garantir a sobrevivência de segmentos da população que está ou que será excluída do mundo do trabalho. A Austrália, por sua vez, reformulou a grade curricular do ensino básico de suas escolas para preparar as futuras gerações para o trabalho com ferramentas de tecnologia de informação. No Brasil, as políticas públicas de fomento ao cooperativismo e associativismo desenvolveram tecnologias sociais que despertam o interesse internacional como alternativa ao atual contexto da divisão social do trabalho.
No campo político-filosófico, a ressignificação da existência humana para uma sociedade pós-trabalho deixou de ter uma abordagem utópica e passou a ocupar a agenda política internacional como um dos principais desafios para o Século XXI.
Se seguirmos a tendência histórica, nem todos terão o mesmo destino nesse “admirável mundo novo”. Alguns aproveitarão a mudança como oportunidade e outros sofrerão os efeitos da crise por não ter se preparado adequadamente para lidar com o impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho. Resta saber quais atividades dependerão do engenho e do talento humano e quais profissões poderão surgir em decorrência de novas demandas oriundas desse desconhecido cenário.
Deixe seu Comentário